a chuva

pois bem, blog é pra desabafar, certo?
depois que li meu último post vi como eu andava (ou ando) meio desregulada, sem noção de tempo, hora e espaço. passei mil informações erradas e ainda bem que beu blog não é informativo senão algum fã de millencolin ia querer me matar já que o show deles aqui foi domingo e não no sábado como eu citei.
o que eu queria deixar registrado aqui, é que a vida adulta, como já era de esperar, tá batendo na minha porta e ao mesmo tempo que eu tenho vontade de mandar ela entrar e dar um abraço do tamanho do mundo nela, eu também quero fechar a porta e toda e qualquer maneira mandando-a embora e tentando adiar isso mais um pouco.
o que acontece é que quando a pressão (trabalho+faculdade+noivado+família+contas+etc) aparece (e tudo vem de uma só vez pra ajudar), eu me fecho, xingo o mundo e digo que sou a mais azarada do mundo que nunca vou me dar bem por N fatores.
sou a pessoa mais positiva quando se trata de dar conselho para os outros, mas comigo mesma é tudo ao contrário, já que olhar o problema de fora é muito mais fácil, né.

então ontem, na saída da faculdade eu tomei um banho de chuva.

eu liguei pro meu pai ir me buscar, saí da sala de aula, vi que tava chovendo e andei vagarosamente até a porta de saída do bloco, fiquei lá com minhas amigas esperando que a chuva parasse ou pelo menos acalmasse e ela virou tempestade. e eu lá com minhas amigas, rindo do tamanho da chuva que tava caindo e esperando, esperando. aí vi que já tinham passado quase 15 minutos que eu liguei pro meu pai e que com certeza ele estaria me esperando já preocupado com a minha demora. minhas amigas também estavam indo já que elas estavam de carro e iam se molhar pouco. eu estava sem sombrinha por que como ontem trabalhei até meio-dia, tinha um sol de rachar lá fora e eu não tava a fim de carregar ela porque eu ainda ia ter que passar no banco resolver umas coisas e com certeza a bendita ia me trancar na porta giratória, deixei-a na empresa com certea absoluta que não a usaria durante o resto do dia.
me aproximei da porta com minhas amigas e falei "vou colocar a blusa na cabeça e vou", minha amiga ainda ofereceu a sombrinha dela e ali foi quando eu parei pra pensar na vida que tenho levado: deixei a sombrinha porque quis, não ia pegar a sombrinha dela já que aquele era um problema meu. e se amanhecesse chovendo hoje? ela tem que ir de ônibus pro trabalho. eu não ia passar o meu problema pra ela né...
coloquei a blusa na cabeça e fui, subi a escada beeem devagar e quando cheguei no estacionamento meu pé já estava encharcado, como eu tava com minha melissa aberta atrás e com um espaço e apoio somente nos dedos, era óbvio que ela ia cair. fiquei furiosa por um segundo e já ri sozinha em seguida, com certeza toda a galera que tava esperando a chuva parar na porta do bloco teve ter me visto, liguei o foda-se e fui andando c-a-l-m-a-m-e-n-t-e. tinha que passar pelo estaionamento, por mais um bloco e pela entrada da faculdade. já tava 50% encharcada de chuva, de que ia adiantar eu tentar sair correndo se com certeza eu ia me molhar mais e qualquer jeito?
e nesse trajeto todo fui andando e pensando na minha vida. em como tudo seria mais fácil se eu encarasse os problemas como eu encarei a chuva, eu tava ali, ia fazer o quê? voltar pro bloco e continuar molhada com meu pai preocupado me esperando? só ia atrasar tudo e preocupando mais ele e consequentemente preocupando minha mãe que tava em casa esperando a gente. e o que eu tenho feito na minha vida realmente é isso, puxo o freio de mão e faço com que as pessoas me esperem até a tempestade acabar, sem pensar no que elas podem estar sentindo ao não me verem chegando ao lado delas. pais, irmã, noivo, avós, tios, primo, amigos... todos me esperando e eu fechada em um lugar reclamando que a chuva não passa e que ela só cai em cima de mim.
cheguei no carro ensopada e morrendo de rir da minha cara, virei pro meu pai e falei 'culpa minha que fui estúpida e deixei a sombrinha no trabalho, mas a chuva tá boa hein'. quando cheguei em casa minha mãe se assustou com meu estado e eu só ria. tomei um banho, jantei e voltei a fazer um trabalho que eu tinha começado mais cedo.

e as coisas começaram a fluir incrivelmente aqui dentro de mim depois desse banho de chuva.